Arcano 21 – O Mundo: A Dança Cósmica da PlenitudeAproximadamente 3 min de leitura

Chegamos ao fim da grande jornada, mas não a um ponto final estático. Diante de nós, desdobra-se a tapeçaria completa, a visão total. É O Mundo, Arcano XXI, a carta que canta a realização, a integração harmoniosa de todas as partes que nos compõem e do universo que nos cerca. Não é um troféu inerte, mas uma dança vibrante de conclusão e começo.
No coração da imagem, frequentemente, uma figura dança. Livre, nua, talvez envolta apenas por um véu esvoaçante, ela celebra. É a alma do mundo ou talvez a nossa própria alma em estado de graça, tendo atravessado sombras e luzes, desafios e aprendizados. Ela não está presa, flutua no centro de uma guirlanda oval, um portal, um útero cósmico que a acolhe e celebra sua vitória. Esta guirlanda, símbolo de sucesso e totalidade, marca o limite seguro de um ciclo que se fecha com perfeição.
Observe os cantos da carta. Quatro guardiões ali residem: um anjo, uma águia, um leão, um touro. São os ecos dos evangelistas, a força dos quatro elementos, os pilares que sustentam a realidade manifesta. Terra, Ar, Fogo e Água em equilíbrio perfeito, testemunhando a harmonia alcançada. Eles nos lembram que a verdadeira realização integra todas as facetas da existência, o espiritual e o material, o pensamento e a emoção, a ação e a receptividade. Tudo está conectado, tudo participa desta dança cósmica.
O Mundo sussurra sobre sucesso, sobre a colheita farta após o longo plantio. É o projeto concluído, a meta alcançada, a sensação indescritível de estar exatamente onde se deveria estar, em paz consigo mesmo e com o fluxo da vida. É a recompensa merecida, a apoteose de um esforço sincero. Há uma sensação de pertencimento, de finalmente encontrar o seu lugar, não como uma peça isolada, mas como parte integrante e essencial do todo.
Mas a dança não cessa. A conclusão de um ciclo é, invariavelmente, o prelúdio de outro. O Mundo não é estagnação, é a plataforma elevada de onde se pode avistar novos horizontes, novas jornadas a empreender com a sabedoria e a confiança adquiridas. A liberdade conquistada não é para o repouso eterno, mas para o movimento consciente, para a exploração de novas possibilidades com um coração leve e um espírito renovado.
Contudo, mesmo na mais luminosa celebração, uma sombra pode pairar. O medo de deixar o conhecido para trás, a hesitação em abraçar o novo ciclo que se anuncia. Ou, talvez, a tentação de se acomodar na glória do momento, esquecendo que a vida é fluxo contínuo. A verdadeira integração pede que reconheçamos também essas resistências, acolhendo-as como parte da dança, sem permitir que paralisem o próximo passo.
Assim, quando O Mundo surge, ele convida à celebração genuína das conquistas, ao reconhecimento da beleza da jornada percorrida. É um chamado para sentir a plenitude do momento presente, a integração harmoniosa do ser com o universo. É a dança final de um ato, e o primeiro passo confiante para o próximo.
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