JaciAproximadamente 3 min de leitura

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Na mitologia Tupi-Guarani, Jaci (ou Iaci) é a luminosa irmã de Guaraci, o Sol. Ela é a personificação da Lua e, por extensão, de tudo o que a noite e o brilho prateado do satélite representam. Essa dualidade, Sol e Lua, Irmão e Irmã, é um dos mais antigos e poderosos símbolos humanos: o equilíbrio entre o Dia (Consciência, Razão, Calor) e a Noite (Inconsciente, Intuição, Mistério). Jaci não é apenas a luz que guia na escuridão, mas a guardiã dos ritmos internos e externos.

A riqueza da simbologia de Jaci reside em seus três domínios principais, que se alinham perfeitamente com as vertentes universais do arquétipo lunar:

1 – Protetora dos Amantes e da Paixão: Em muitas culturas, a Lua é a testemunha silenciosa dos encontros furtivos, dos juramentos e da paixão incipiente. Jaci é a Protetora dos Amantes. Simbolicamente, ela rege as emoções, o campo da afetividade e a união. A luz da Lua é suave, íntima e romântica, um contraste com a força crua do Sol. Ela representa a receptividade, a atração mútua e a fertilidade emocional necessária para o florescer de um relacionamento.

2 – Regente das Marés e da Água: Em termos universais, a Lua está intrinsecamente ligada à Água e às Marés. A água, por sua vez, simboliza o Inconsciente, as Emoções e o Mundo Interior. Assim como Jaci puxa e empurra as águas do oceano em um ciclo perpétuo, ela governa o fluxo e refluxo das emoções humanas e da própria vida. Sua influência sobre a água a posiciona como uma deusa do movimento, da purificação e do mistério das profundezas.

3 – Guardiã dos Ciclos Naturais: Talvez o aspecto mais fundamental de Jaci seja o seu domínio sobre os Ciclos. As fases da Lua (Nova, Crescente, Cheia, Minguante) são o modelo primordial de Nascimento, Crescimento, Plenitude e Declínio, manifestando o conceito de Eterna Renovação. Jaci rege a passagem do tempo, os ciclos menstruais, ligados à feminilidade, e as épocas de plantio e colheita. Ela nos ensina que nada é estático, a mudança é a única constante e, em cada “morte” simbólica (Lua Nova), há a promessa de um novo começo.

Ao contemplar a figura de Jaci, a Deusa da Lua Tupi-Guarani, revisitamos uma verdade simbólica que ressoa desde os primórdios. Ela é o espelho prateado onde a alma humana se reflete, complexa, cíclica, emocional e intimamente ligada aos ritmos da Natureza. Dos amantes que buscam sua proteção à imensidão dos oceanos que obedecem ao seu comando, Jaci não é apenas um mito, mas um poderoso arquétipo que continua a dar forma à nossa compreensão de mistério, equilíbrio e renovação incessante.

Valter Cichini Jr:.

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