Arcano 17 – A Estrela: O Sopro de Esperança Após a TempestadeAproximadamente 4 min de leitura

No grande ciclo da jornada humana, após a queda abrupta das estruturas ilusórias representadas pela Torre, surge um bálsamo celeste, uma luz que guia na escuridão:

A Estrela, décima sétima lâmina dos Arcanos Maiores do Tarot, ela não representa a solução final, mas sim a renovação da fé, a inspiração que nos permite vislumbrar um futuro mais sereno e alinhado com nossa essência mais pura. É a promessa silenciosa de que, mesmo após a mais devastadora tempestade, a calma retorna e a orientação divina se faz presente.

Observe a cena que se descortina na carta: uma mulher nua, despojada de artifícios e máscaras sociais, ajoelha-se à beira de um lago ou rio límpido. Sua nudez não é de vulnerabilidade frágil, mas de autenticidade radical, de verdade exposta sem receios. Ela segura dois jarros, dos quais derrama a água da vida. Com uma mão, nutre a terra, simbolizando a aplicação prática e generosa dos dons no mundo material, a fertilidade que retorna ao solo. Com a outra, devolve a água à fonte, representando a conexão contínua com o inconsciente, com a intuição e com o fluxo universal de energia. Um pé toca a água, mergulhando na sensibilidade e na intuição, enquanto o outro firma-se na terra, mantendo o contato com a realidade e a necessidade de estabilidade. É o equilíbrio perfeito entre o sentir e o fazer, o espiritual e o terreno.

Acima dela, no céu noturno, brilha uma grande estrela central, geralmente com oito pontas, um farol de esperança e inspiração divina. Ela é a estrela-guia, a promessa de proteção e clareza. Ao seu redor, sete estrelas menores cintilam, podendo simbolizar os chacras, os centros energéticos que precisam estar alinhados para o bem-estar, ou talvez os planetas sagrados da astrologia antiga, reforçando a conexão cósmica. Por vezes, um pássaro, como um íbis (associado a Thoth, deus da sabedoria), pousa numa árvore próxima, sugerindo a chegada de novas ideias e a comunicação entre os mundos.

Quando A Estrela surge numa leitura, ela é um sopro de otimismo e tranquilidade. Indica um período de cura, seja física, emocional ou espiritual, após um período de crise, como o sugerido pela Torre. É um momento de renovação da esperança, de reencontrar a fé em si mesmo e no universo. A carta fala de inspiração, criatividade, e da sensação de estar no caminho certo, guiado por uma força maior. É um convite a ser autêntico, a mostrar sua verdadeira luz ao mundo, a compartilhar seus dons com generosidade.

No campo afetivo, A Estrela traz a promessa de harmonia, reconciliação e renovação dos laços. Pode indicar a cura de feridas passadas e a possibilidade de um amor mais puro e verdadeiro, baseado na autenticidade mútua. Profissionalmente e financeiramente, sugere um período de inspiração, novas oportunidades e confiança para seguir em frente com projetos. A prosperidade pode fluir mais facilmente, especialmente se houver generosidade e uma atitude positiva.

Contudo, como toda luz projeta alguma sombra, A Estrela também pode alertar para uma possível desconexão com a realidade, o otimismo excessivo pode se tornar ingenuidade, a esperança pode levar à passividade, esperando que as coisas se resolvam magicamente sem ação concreta. Pode haver uma tendência ao idealismo impraticável ou, em casos mais raros, a um certo distanciamento emocional ou a uma confiança que beira a ingenuidade, esquecendo-se da necessária conexão com a terra e com as demandas práticas da vida. A carta invertida pode intensificar essas sombras, apontando para o desespero, a falta de fé, o pessimismo ou a sensação de estar perdido e sem rumo, incapaz de ver a luz orientadora.

Assim, A Estrela não é um destino final, mas um convite perene a confiar na jornada, a nutrir a alma com esperança e a deixar que a luz interior guie os passos, mesmo quando o caminho ainda parece incerto. É a lembrança de que, no silêncio após a tormenta, reside a mais pura conexão com o divino e com a nossa capacidade inata de renascer, mais autênticos e alinhados com o propósito maior que nos move.

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