Exu: o Mensageiro dos Orixás e Senhor das EncruzilhadasAproximadamente 3 min de leitura

Exu: o Mensageiro dos Orixás e Senhor das EncruzilhadasAproximadamente 3 min de leitura

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Exu é uma das figuras mais complexas e mal compreendidas das religiões afro-brasileiras. Seu nome costuma causar medo em quem não conhece sua verdadeira natureza. Mas para os que buscam compreender a linguagem dos símbolos, Exu revela um universo riquíssimo de significados, que vai muito além dos estigmas populares. Ele é o mensageiro dos orixás, o guardião dos caminhos e o princípio do movimento.

No Candomblé, Exu é um orixá. Ele não é o mal, como alguns acreditam por influência do pensamento cristão. Exu é energia pura, é dinamismo, impulso, comunicação, transformação. Ele é o princípio que permite que as coisas aconteçam. Sem Exu, nenhum pedido chega aos outros orixás. Ele é o início de tudo, o primeiro a ser saudado, o que abre os caminhos, o que liga os mundos.

No simbolismo universal, Exu está profundamente ligado às encruzilhadas, lugares de escolha, de dúvida, de passagem. Encruzilhadas representam momentos decisivos, onde algo pode mudar de direção. Exu é o senhor desses pontos de encontro e separação. Ele atua nos limites entre o mundo visível e o invisível. Assim como Hermes na mitologia grega ou Mercúrio entre os romanos, Exu transita entre os mundos, levando mensagens dos homens aos deuses e dos deuses aos homens.

Nas representações simbólicas, Exu pode aparecer com um bastão ou ogó, instrumento que gira, representando a comunicação entre os planos. Pode também ser associado ao fogo, elemento da transformação, à cor vermelha e preta, cores que se opõem e se complementam, e ao número três, que expressa o movimento entre os opostos.

Na Umbanda, no entanto, Exu não é o mesmo orixá do Candomblé. Aqui, falamos de Exus falangeiros, espíritos trabalhadores da linha da esquerda, que atuam na limpeza espiritual, na quebra de demandas, na proteção e na comunicação com os planos mais densos. Eles não são orixás, mas entidades humanas que passaram por processos de evolução e agora trabalham a serviço da luz. Mesmo que lidem com aspectos sombrios, seu objetivo é sempre o equilíbrio e o bem.

A confusão entre o Exu orixá e o Exu entidade ocorre porque ambos carregam o mesmo nome e lidam com questões limítrofes, com a dualidade, com a abertura de caminhos. Mas é importante lembrar:

O Exu do Candomblé é uma força primordial, uma divindade;

O Exu da Umbanda é uma consciência espiritual, com trajetória própria.

Ambos merecem respeito e compreensão.

Exu é, por fim, a própria linguagem em movimento. É a palavra dita, o tambor que ecoa, o caminho que se abre. Entendê-lo é aceitar que o mundo é feito de trocas, de encontros, de escolhas.

Exu é símbolo de tudo isso: do começo, do fim e de tudo que está entre eles.

Valter Cichini Jr:.

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