GuirlandasAproximadamente 4 min de leitura

A guirlanda, em sua essência, é um círculo feito de materiais naturais, como flores, folhas e ramos entrelaçados. Sua forma circular é o primeiro e mais potente símbolo: a totalidade, o eterno e o infinito, por não ter começo nem fim. Essa estrutura evoca o ciclo da vida, a perfeição do cosmo e a ideia de continuidade e renovação perpétua.
A história da guirlanda, ou grinalda, é anterior ao Cristianismo e remonta a civilizações antigas, como os gregos, romanos e etruscos.
Poder e Vitória para os Gregos e Romanos, nesses impérios, as guirlandas eram usadas como coroas, como a famosa coroa de louros, para simbolizar poder, vitória, status social elevado e honra em competições ou triunfos militares. Presentear alguém com um ramo ou coroa também era um gesto de voto de saúde e prosperidade.
Vida e Proteção para os povos do Hemisfério Norte, regiões tradicionalmente mais frias, o uso de plantas que se mantinham verdes o ano todo, perenes durante o inverno, como pinheiros, azevinhos e heras, representava a vida que persistia apesar do frio e da escuridão. Colocadas nas portas, elas serviam como talismãs de proteção contra maus espíritos, demônios ou feitiçaria, além de atrair boas energias e sorte para o lar.
A versatilidade simbólica da guirlanda permitiu sua manifestação em diversas tradições:
No Budismo e Sul da Ásia, na forma de guirlandas de flores, é usada como oferenda a divindades, simbolizando devoção, beleza superficial e o ciclo da existência.
Para celebração e renovação, mesmo fora de datas religiosas, a guirlanda manteve-se como um símbolo de boas-vindas, hospitalidade e alegria em diversas festividades, do Ano Novo ao Dia de Ação de Graças, reforçando a expectativa de renovação e bom futuro.
A inserção da guirlanda no contexto natalino está intimamente ligada à ressignificação cristã e à popularização de uma de suas variações mais emblemáticas, a Coroa do Advento.
A tradição da Coroa do Advento popularizou-se na Europa, notavelmente com os luteranos e, mais tarde, com a influência da Rainha Vitória no Reino Unido, século XIX. Essa guirlanda específica carrega um simbolismo denso:
- O Círculo e a Eternidade: Mantém o significado do círculo como a eternidade de Deus, sem começo nem fim, e o infinito amor.
- As Folhagens Perenes: O verde dos ramos, pinheiro ou teixo, simboliza a vida eterna por meio de Cristo e a esperança que não morre, mesmo no inverno da fé ou da vida.
- As Velas: Geralmente são quatro velas acesas nos quatro domingos que antecedem o Natal, o período do Advento, representando a luz de Deus que se aproxima. Cada vela costuma simbolizar valores cristãos fundamentais: Esperança, Paz, Alegria e Amor.
Ao ser adotada como o principal adorno de porta no Natal, a guirlanda sintetiza vários significados para o lar:
- Acolhimento e Boas-Vindas: Colocá-la na porta é um convite aberto, um gesto de hospitalidade calorosa que convida o espírito natalino e a felicidade para dentro da casa.
- Proteção e Prosperidade: Herança das antigas tradições pagãs e romanas, ela continua a ser vista como um amuleto que afasta o mal e atrai prosperidade e boa sorte para os moradores no novo ciclo que se inicia.
- União e Celebração: Os materiais entrelaçados e o círculo representam a unidade familiar e o desejo de celebrar a vida e o nascimento de Cristo em harmonia.
Portanto, a guirlanda natalina é um símbolo sincrético, uma tapeçaria tecida com fios da mitologia pagã, tradições romanas de honra e votos de saúde, e a profunda teologia cristã da vida eterna e do acolhimento da Luz Divina. Ela é um lembrete visual de que, apesar dos ciclos e das estações, a vida e a esperança persistem.




