SitaAproximadamente 3 min de leitura

Sita é uma figura central na mitologia hindu, especialmente no épico Ramayana1. Ela é a esposa de Rama, uma encarnação do deus Vishnu, e é considerada uma encarnação da deusa Lakshmi, a deusa da fortuna e prosperidade. A simbologia de Sita é rica e multifacetada, abrangendo virtudes como devoção, pureza, sacrifício, força e resiliência.
Um dos aspectos mais proeminentes da simbologia de Sita é sua pureza e castidade, mesmo após ser raptada por Ravana2 e mantida em cativeiro, sua fidelidade a Rama nunca vacilou. O episódio do ‘Agni Pariksha’ (prova de fogo) é um testemunho de sua pureza inabalável, onde ela emerge ilesa das chamas, provando sua inocência e devoção.
Sita é o símbolo da esposa devotada e fiel, ela voluntariamente acompanha Rama em seu exílio na floresta, suportando dificuldades e privações sem reclamar. Sua lealdade e amor incondicional por Rama são um modelo para os relacionamentos conjugais na tradição hindu.
Apesar de sua imagem de doçura e submissão, Sita demonstra uma notável força interior e resiliência diante da adversidade, seu cativeiro em Lanka e o subsequente julgamento de fogo são provações que ela enfrenta com dignidade e coragem, emergindo mais forte.
O nome Sita significa “sulco feito pelo arado”, e ela é considerada filha de Bhudevi, a deusa da Terra. Essa conexão com a terra a associa à fertilidade, nutrição e à capacidade de suportar e sustentar a vida. Ela representa a força da natureza e a capacidade de renascimento.
Em algumas interpretações filosóficas do Ramayana, Sita é vista como um símbolo da alma individual, enquanto Rama representa o Absoluto ou o Divino. A separação de Sita de Rama e sua eventual reunião simbolizam a jornada da alma em busca da união com o Divino, superando os obstáculos do ego e das ilusões do mundo material.
Ela é reverenciada como um ideal de feminilidade na cultura hindu, encarna as virtudes de paciência, compaixão, sacrifício e serviço desinteressado. Sua história serve como um guia moral e espiritual para as mulheres, inspirando-as a cultivar essas qualidades em suas próprias vidas.
A simbologia de Sita transcende as fronteiras da Índia, influenciando diversas culturas no Sudeste Asiático, onde o Ramayana é adaptado em diferentes formas. Em cada contexto, ela mantém seus atributos centrais de pureza, devoção e resiliência, embora com nuances culturais específicas.
1 – O Ramayana é um dos mais antigos e venerados épicos da Índia, uma vasta narrativa poética que detalha a vida e as provações de Rama, o sétimo avatar de Vishnu. A obra narra sua jornada desde o nascimento, seu exílio, o rapto de sua esposa Sita pelo demônio Ravana, a épica batalha para resgatá-la, e seu eventual retorno ao trono. Mais do que uma simples história, o Ramayana é um pilar da cultura e espiritualidade hindu, servindo como um compêndio de ensinamentos sobre o Dharma (retidão), dever, sacrifício e a eterna vitória do bem sobre o mal.
2 – No épico hindu Ramayana, Ravana é o rei demônio de Lanka (atual Sri Lanka) e o principal antagonista. Ele é conhecido por sua grande erudição e poder, mas também por sua arrogância e maldade, que o levaram a raptar Sita, desencadeando a guerra com Rama.